Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana-Você é a autora do projeto do restauro da CCMQ enviado ao MinC. Quais as dificuldades de traduzir em dados objetivos uma ação de tal porte? E qual era a tua expectativa sobre a aprovação do que foi proposto?
Vanessa Dutra – Como Historiógrafa e Museóloga participei intensamente , por mais de 30 anos, das ações de preservação e conservação de bens materiais e imateriais no Estado e, principalmente, nas instituições vinculadas à Secretaria da Cultura.
Escrever sobre o significado da Casa de Cultura Mario Quintana não foi uma tarefa difícil. As dificuldades para a elaboração do projeto consistiram em reunir todas as informações e pesquisar e estudar sobre a vigente legislação federal e estadual sobre bens culturais.
Quanto à minha expectativa ao finalizar a elaboração do projeto, era de conseguir a sua aprovação, porque as informações prestadas estavam embasadas na história, na trajetória cultural da Mario Quintana e o que ela representa para a sociedade gaúcha, enfatizando que ela se insere no programa de Revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre. Cumprimos fielmente a adequação entre o objeto a ser executado e os produtos resultantes, assim como o atendimento aos critérios e limites de custos estabelecidos. O projeto “De Hotel a Casa de todas as Culturas” da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana foi aprovado na sua integralidade, proporcionando-me muita satisfação e alegria.
AACCMQ- O que você acrescentaria, caso houvesse mais verbas do patrocínio do Banrisul?
Posso dizer que se mais verbas fossem conseguidas eu faria a restauração interna da Mario Quintana, que no meu entender necessita de uma reestruturação e modernização dos espaços culturais e sociais.
AACCMQ – Você já formatou outros projetos que beneficiaram bens culturais gaúchos: quais são os projetos e o que os diferenciam ou aproximam do projeto da CCMQ?
Sim, formatei vários projetos de restauração de patrimônio material e imaterial, tanto na área privada quanto na pública, ao longo da minha carreira profissional.
O projeto que mais se aproxima da CCMQ foi a restauração do antigo prédio dos Correios e Telégrafos para abrigar o Memorial do Rio Grande do Sul. Participei de todas as etapas e decisões como Coordenadora do projeto.
São situações diferenciadas, pois no projeto ”De Hotel a Casa de Todas as Culturas” foi a formatação e a operacionalização até a sua aprovação, entretanto a Coordenação é do proponente, o presidente da Associação de Amigos Eduardo Vital.
AACCMQ – Como museóloga, como você vê o papel da CCMQ na memória cultural brasileira?
VD -Entendo uma Casa de Cultura como um todo integrado, onde cada parte tem a consciência de estar em um contexto permanente de identidades e pertencimentos. São espaços destinados à convivência social, à produção e ao consumo de formas de expressão da cultura. A Casa de Cultura é uma agente de comunicação com o mundo, um caminho aberto para ações integradas que contribuam para o desenvolvimento de uma reflexão crítica, porque como disse a Museóloga Waldisa Camargo Guarnieri “ Cultura é a projeção em que o homem se realiza, ou melhor a atividade em que ele se realiza. È a percepção,experiência,expressão; cultura é a vida vivida”.
A restauração da CCMQ resulta de projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, em mecenato, via Lei de Incentivo à Cultura que permite ao Banrisul ser o patrocinador da obra, tendo o Governo do Estado/ Sedac/CCMQ e a Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana como realizadores. Ao todo, R$ 4. 226.610,36 milhões estão sendo investidos no restauro de fachadas e telhados do prédio.
Maristela Bairros
Assessora de Imprensa da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana
