
O arquiteto Joel Gorski é um dos responsáveis, junto com Flávio Kiefer e Eliana Santos, pela transformação do prédio do deteriorado Hotel Majestic na Casa de Cultua Mario Quintana. Hoje consultor da equipe montada pela ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA para a maior restauração já feita na história da Casa, Joel fala sobre este trabalho, a ausência de intervenções constantes no edifício, as mudanças ao longo do tempo e da necessidade de ver a restauração como um todo.
O restauro está sendo realizado via Lei de Incentivo à Cultura do MinC , com patrocínio do Banrisul, realização do Governo do Estado – Sedac – Casa de Cultura Mario Quintana e ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA.
AACCMQ– Você participou diretamente da transformação física do prédio do decadente Hotel Majestic na Casa de Cultura Mario Quintana. Como você vê, agora, este novo restauro que é o mais completo desde o que foi feito para a inauguração?
JOEL GORSKI – Acho importante e desejo que este momento possa estabelecer uma rotina de manutenções periódicas que qualquer prédio necessita ao longo de sua utilização. A ausência de intervenções constantes, via de regra de pequena proporção, acaba por gerar situações críticas que só podem ser resolvidas através de obras maiores e com mais custos.
AACCMQ – A seu ver, o projeto presente contempla todas as necessidades de reposição dos elementos arquitetônicos da casa? O que você tem visto de mais grave nas transformações externas e internas do prédio que tenham ficado em desacordo com o trabalho feito no surgimento do complexo cultural?
JG – Desde o projeto original que transformou o antigo Hotel Majestic em Casa de Cultura muita coisa mudou. Não havia internet, manifestações culturais são diferentes; todas as nossas atividades, da mais corriqueira até a mais complexa, são diferentes hoje do que eram há duas décadas atrás. As edificações, os espaços construídos onde qualquer atividade humana é desempenhada, refletem estas mudanças. Acredito que um dos méritos do nosso projeto foi ter tratado a CCMQ como uma instituição com personalidade única, embora formalmente constituída por diferentes instituições da área cultural. Havia antes do projeto arquitetônico um projeto de instituição ao qual buscamos atender. As alterações desarticuladas observadas ao longo dos anos denotam o afastamento da ideia original e explicam a situação atual, onde a programação visual caótica, a sinalização inadequada, a ocupação de espaços de forma desordenada, a iluminação ineficiente e instalações sucateadas são a tônica.
AACCMQ – Como seria possível uma melhor conservação do prédio, interna e externamente, mantendo sua personalidade?
JG – Um fortalecimento institucional e uma reflexão sobre o papel que a Casa de Cultura Mario Quintana deve desempenhar são fundamentais. Definidas estas questões, a manutenção da estrutura física será uma decorrência. Claro que as intervenções e manutenções que devem ainda vir, refiro-me às questões que dizem ao interior da Casa (circulações, sinalização, salas de reunião, teatros, etc.) devem ser precedidas por um projeto sobre a totalidade do prédio.
AACCMQ – Qual tua expectativa em relação ao total da obra?
JG – A expectativa é a melhor possível, já que, com a participação da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana, foi possível a captação dos recursos para a execução da obra e a contratação de uma empresa com capacitação e experiência para este tipo de serviço.