Restauro da CCMQ: um projeto importante e necessário

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O projeto de restauro da Casa de Cultura Mario atende uma demanda da própria população, já que a a entidade, que é de direito público,  completa, em 2014, 30 anos de vida e tinha seu prédio prejudicado pela ação do tempo, em especial, necessitando de reparos urgentes. Este projeto, elaborado pela Associação dos Amigos, em trabalho da museóloga Vanessa Dutra, se preocupa em restaurar as fachadas externas do edifício que representa a memória dos séculos 19 e 20, e integra o Inventário Municipal de Bens e Imóveis, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado (IPHAE), que emitiu o parecer técnico necessário à execução da obra.

Importante instituição do Centro Histórico de Porto Alegre, a CCMQ ganha, com este trabalho em andamento, realizado pela Arquium, empresa especializada em restauração, a recuperação de suas estruturas danificadas, arquitetura e paisagismo do prédio. Trabalho este que atende demanda da sociedade gaúcha de revitalização da área.  Evitar o desabamento, já ocorrido em mais de uma ocasião, de elementos das fachadas, é o objetivo específico do restauro que visa a manter a segurança dos passantes, frequentadores e visitantes.

 

O projeto atual se diferencia dos demais já realizados em prédios tombados gaúcjos porque o prédio é testemunha da história de Porto Alegre dos dois séculos passados, em especial da época em que a arquitetura colonial foi aos poucos sendo substituída pelo neoclássico, com suas janelas de  arco pleno, frontões e platibandas. Sua criação se insere num período de sucesso do comércio local e da instalação das bases da indústria. Na ocasião, começava a ser aterrada a rua Sete de Setembro, empurrando a marge do Guaíba em busca de maior espaço para as construções e melhorias.

 

Foi o empresário Horácio de Carvalho quem chamou o arquiteto alemão radicado na cidade, Theodor Wiederspanh para executar o projeto de seu palacete.  A criação foi ousada para aqueles anos iniciais do século 20, usando, pela primeira vez, concreto armado e construindo inéditas passarelas suspensas sobre a via pública, no caso a travessa que liga a rua dos Andradas à Sete de Setembro. Transformado, posteriormente, em Hotel Majestic, passou a receber importantes famílias que ali se instalaram para morar, além de figuras de destaque no cenário nacional, como Getúlio Vargas, o cantor Francisco Alves e a vedete Virginia Lane, além, claro, do poeta Mario Quintana.

Com o paulatino processo de decadência do Centro, o Hotel deixou de ser lugar de encontro da sociedade local e se transformou em destino de caixeiros viajantes em especial. Os bailes famosos deixaram de existir e a família Carvalho se retirou do negócio.  O prédio, então, entrou em acelerada decadência física, até ser fechado, correndo o risco de, como tantas edificações na área, ser demolido.

Mas um grupo de porto alegrenses se mobilizou para que isso não ocorresse, com apoio do jornalista Ruy Ostermann, então em cargo político. Em 1982, o governo do Estado adquiriu o edifício,  e ficou estabelecido que ele abrigaria um grande centro cultural, batizado de Mario Quintana em homenagem a seu morador mais querido, que ali morou durante 12 anos. Os 12 mil metros quadrados foram um desafio para o poder público e também a Associação dos Amigos, criada anos antes da abertura da Casa às atividades culturais.

Empresas de diferentes áreas de ação foram acionadas para tornar o projeto cultural exequível e em 1990 a entidade que reúne o maior número de instituições culturais do Estado foi inaugurada.  Hoje, o quarto que abrigou o poeta (realocado no segundo andar da ala Leste) guarda partes do mobiliário e dos objetos de uso constante de Mario, selecionados por sua sobrinha e administradora da herança cultural do escritor, Helena Quintana.

Acervos como os da Discoteca Nahto Henn, do Espaço Elis Regina e do Maurício Rosemblat,  a Oficina Sapato Florido, o teatro Bruno Kiefer e a sala Carlos Carvalho, além de outras entidades abrigadas na Casa, como a Cinemateca Paulo Amorim e o Museu de Arte Contemporânea, integram o cardápio cultural da instituição. Não foi esquecida a necessidade de serviços aos portoalegrenses e dentro desta proposta foram instalados o Cafe dos Cataventos, na Travessa dos Cataventos, o Café Santo de Casa, na cúpula do sétimo andar, a Livraria Caçula, a Arteloja e uma bombonière estes dois últimos no térreo.

Por todas estas importantes instituições, e atividades que contemplam, de terça a domingo, em seus vários espaços, a CCMQ necessita de constantes cuidados. A presente obra, que se estenderá até o final de 2014, cuida do cumprimento desta determinação imperiosa e está restaurando aberturas, janelas, portas, sacadas, paredes e telhados. Uma equipe qualificada atua no trabalho minucioso e exigente, e já aparecem os resultados da ação.

A iniciativa do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura, da própria  Casa e com patrocínio do Banrisul, foi viabilizada pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura do Governo Federal. Como proponente e responsável pela execução da obra, a Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana cumpre mais uma de suas tarefas de apoio, que envolve o repasse de verbas de patrocínio para que as atividades do complexo cultural sejam mantidas.

 

Maristela Bairros

Assessora de Imprensa da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana

 

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